segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Inimigos



Batman - O Cavaleiro das Trevas : Cena excluída

- Alfred, o Coringa pintou a prefeitura de verde enjôo-de-avião de novo! Acho que ele quer me deixar looooucoooo!!

- Com todo o respeito, patrão Bruce, mas o senhor, além de se vestir de morcego em dia de semana, passa as noites satisfazendo sua psique em jogos doentios!

- E... Isso é condenável, por acaso?

- Fora de uma lan house, sim!

-Hnf. Minhas ações não tem de fazer sentido, já que meus inimigos não fazem. E até parece que tentar erradicar as injustiças a socos, pontapés e bat-enfiador de dedo molhado na orelhaTM faz de alguém louco.

- Se o Sr. não insistisse em dormir de cabeça para baixo, poderia melhorar um pouco. Aliás, em que horário o patrão dorme, já que... 

- NÃO IMPORTA! EU SOU O BATMAN (Batalhador Anônimo Tentando Minimizar a Anarquia Nociva)! POSSO FAZER O QUE BEM ENTENDER!

- Porque é nababescamente rico, sim, mas lembre-se que o Sr. não é o Batman!

- Ah, lá vem você com aquele papo de Bruce Wayne de novo. Wayne é só um menino amedrontado que molha... Va a cama com mais regularidade do que o normal e tem medo de anêmonas.

- Anêmonas? Pensei que tivesse medo de morcegos, patrão.

- Sim, de morcegos também. Obrigado por me lembrar, fiel empregado.

- Sempre às ordens, patrão. Mas se tem medo de morcegos, então porque se veste como um deles? Será que isso significa que o Sr. é o seu maior inimigo e...

- E eu ficaria ridículo se usasse uma roupa inspirada na galinha d’angola, Alfred.

- Verdade, patrão. E eu disse que o Sr. não é o Batman porque neste filme Bruce Wayne interpreta o Batman versão cinema, uma mistura de personagem principal de romance pulp com Missão Impossível, criada para os jovens que tem preguiça de ler hqs.

- Não importa qual versão eu seja, Alfred, é meu dever levar a justiça adiante! Começando por Coringa à prisão.

- E como pretende fazer isso sem matá-lo, já que...

- Somos... Duas faces da mesma moeda? O ying e o yang? Eu nunca decorei qual é qual. Somos como o dióxido de carbono e o polidor de vidros, em um embate perpétuo pela...

- Pela sanidade de meus antepassados, patrão, não é nada disso. É que, se matasse seus inimigos, perderia sua principal característica, que é a...

- Simpatia de um Ursinho Gummy embaixador da ONU?

- Não, a psicopatia de um filatelista aposentado. Além do mais, se fizesse isso, perderia o emprego.

- EMPREGO? Sou bilionário, Alfred! Mais rico do que o filho do Tio Patinhas com a Oprah Winfrey! E, além do mais, ninguém me paga para que eu faça o que faço. Eu me esforço mais do que um gari em dia de eleição e não recebo nada em troca! É de enlouquecer.

- Bem vindo ao meu mundo, patrão. Mas, se não é pelo plano de carreira nem pelos benefícios, então porque o Sr....

- Porque alguém tem de fazer, Alfred! Gotham é mais corrupta do que um lobista cleptomaníaco, e para tentar entender o Coringa, devemos pensar como ele e...

- Evitar pensarmos na forma de clichês e... Aham... Está bem... Eu... Fico quieto aqui no...

- Procurar entender o que leva alguém a criar uma nova personalidade que lhe permita perpretar ações impunemente e...

- Mas o Sr. faz isso pelo bem da...

- Hein? Do que está falando, Alfred?

- Err. Nada, patrão. É que... A situação está mais complicada do que eleição pra presidente de fã clube de ficção científica; se o Sr. tentar replicar os processos cognitivos do seu arquivilão irá enlouquecer mais...

- Mais? Como assim?

- Mais do que editor de clipe da Bjork! He, he. E se pensar racionalmente ou simplesmente não fizer nada, também irá enlouquecer. Então a solução é...

- Bater nele até a inconsciência. Se bem que, como ele é maluco, já é inconsciente do... Ah, você entendeu. Poxa vida, ser um famoso vigilante anônimo não é nada fácil.

- Acha mesmo? O Sr. só diz isso porque nunca teve de costurar tecido à prova de balas.

- Hein?

- Nada, patrão. Apenas acho estranho que, após pensar tanto, chegarmos à conclusão de que a violência é a melhor solução.

- Sim. Foi o que eu falei no início, oras.

- De fato, patrão. Mas acontece que essa violência acaba gerando um ciclo que, teoricamente, jamais terá fim e... E... É melhor eu ficar quieto.


20 comentários:

  1. Olá, Jacques, tudo bem?
    Afinal, quem é o pior inimigo nessa história...? Se para entender a mente de um louco, você tem que ser igualmente louco, no fim das contas o problema só está mudando de local. Parece muito com o que vemos hoje em dia, uma ação que alguns chamam de "pacificadora".
    Seja um ciclo de violência ou de mentalidades deturpadas, isso só terá fim quando alguém fizer diferente. A pergunta é: qual será o preço dessa diferença?

    Abraço.

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  2. Oi Jacques!

    Com sempre você descreve muito bem amigo.

    Bom, retratando a cena em si, a violência não é a melhor solução, mas no imaginável a violência em filmes até ai tudo bem.

    Lembro do Coringa.

    Assisti os dois últimos filmes do Batman e vingador do futuro... Eu gostei dos dois. Tem violência, mas é por uma questão justa, senão o Batman seria pisado como se fosse barata kkkkk

    Abraços amigo. Feliz Semana. Bjs

    Nati

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  3. Jacques, guri de Pelotas!
    Retorno no fim de semana, quando postarei de novo e vou reservar um tempo para visitar os amigos, tá bom?
    Abração!

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  4. Muito bom!
    Fiquei curioso caso neste filme tivesse o Robin.

    Abraço.

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  5. Essa mistura é fantástica!!!

    Fiquei pensando aqui como seria um diálogo entre o prefeito atual de Goiânia, que é um safado, o Comando de greve(estou em greve) e o Sintego(sindicato de merda que NÃO nos representa aqui)... poxa, tô parecendo revoltada, né!? ahahhaahah... sorry!

    Saudades docê, parento... tô tentando voltar!

    bjks

    JoicySorciere => CLIQUE => Blog Umas e outras...

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  6. Jacques, guri de Pelotas!
    Voltei.
    Fiquei pensando no que uma vez disse um amigo meu que trabalhava numa empresa muito burocrática, de que havia uma reunião apenas para determinar a ata da próxima reunião... e uma vez essa próxima reunião sendo feita, nada se decidia... :)
    O tal 'inimigo' pode ser aquele que deixa tudo como está... se conformo com a reunião da ata para a próxima reunião.

    Grande abraço e ótimo fim de semana!

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  7. Após mais uma noite fazendo justiça e ajudando a limpar a escória em Gotham City, Batman retorna para a bat-caverna, onde encontra Alfred com uma xícara de chá.

    - Patrão Bruce, alegra-me estar de volta com o uniforme intacto e surpreendentemente limpo. Dá muito trabalho costurar e lavar esta malha.
    - Sim, Alfred, hoje tive que deter a quadrilha que estava assaltando as lavanderias de Gotham. Foi um serviço limpo, diferente do que estou acostumado.
    - Percebo um tom de desânimo em sua voz, patrão Bruce. Algo errado com o Batman?
    - Não, Alfred, está tudo bem. É que faltam poucos minutos para amanhecer e... voltarei a ser Bruce Wayne.
    - E isso não o agrada, senhor? Pense que poderia ser pior: voltar como Bruce Banner.
    - Temo que o Coringa esteja certo sobre mim.
    - Ainda aquela história do Arkhan, patrão Bruce?
    - O que posso fazer, Alfred? As palavras do Coringa, mesmo após tantos anos, ainda ecoam em minha extraordinária mente analítica de detetive que usa métodos alternativos para chegar à verdade.
    - Métodos que lembram os métodos da PM brasileira, patrão Bruce. Mas sugiro que esqueça aquelas palavras.
    - Como esquecê-las, Alfred?
    - Por favor, patrão! O senhor é bilionário, ganhou recentemente a disputa contra o Patacôncio e agora é o segundo mais rico do mundo, perdendo apenas para o Tio Patinhas. Aproveite a vida, compre uma ilha grega, com a crise por lá deve estar uma pechincha...
    - Não se trata disso, Alfred. É de mim que tenho medo. Medo de que o Coringa esteja certo sobre mim. Às vezes questiono a racionalidade das minhas ações. Tenho medo de que...
    - Receba outra patolada do Coringa?
    - Não falemos sobre isso, Alfred. Robin não pode saber...
    - Patrão Bruce, prefira o filantropo e mulherengo Bruce, cercado de amigos frívolos e novinhas assanhadas e despeça-se liberdade, da comparativa juventude, do passo ligeiro, do pulso acelerado e dos prazeres secretos que gozava sob o disfarce de Batman!
    - Eu já li isso em algum lugar, Alfred...
    - É de Stevenson. Ou, talvez, seja apenas a sua cabeça, Homem-Morcego!
    - O que...o que havia...neste chá? Alfred? Não...você, Chapeleiro Louco? Espere...Charada? Como...como descobriu...Bruce Wayne...Alfred? Onde está Robin? Robin...sempre foi minha melhor arma...onde...?
    - O que é o que é: um milionário playboy que se veste de morcego à noite e sai por aí espancando criminosos?
    - Eu...eu...não sou louco...eu...sou... o Batman!
    - Você não pode evitar isso. Todos nós somos loucos, Bruce!

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  8. Olá!Boa noite
    Jacques
    Como vai?
    ... em condições gerais, violência, gera outra violência. É um ciclo que não se interrompe [...]Não é de hoje que se fala disto,vejo que a
    situação chegou a um ponto que dificilmente terá recuperação, caso não sejam
    tomadas medidas enérgicas e conscientes no âmbito familiar e social para se resgatar
    princípios que foram inexplicavelmente abandonados no correr dos anos... longe de ser adepto de tipo de censura ou cerceamento da criatividade, citando proliferação de filmes violentos, super heróis que usam violência para combater os seus também violentos inimigos,e assim por diante pode estar formando uma geração que considera matar alguém algo tão normal como chupar um picolé de limão.De repente, o sujeito irrompe numa sala de cinema fantasiado, usando máscara, capa e colete à prova de balas, e começa a disparar a esmo ceifando vidas de jovens inocentes.
    Exatamente isto é que precisa ser mudado. A violência não terá fim se não houver uma profunda mudança de condições sociais e uma melhor formação e educação desta geração de crianças e adolescentes.“Todo ato idiota gera sempre outro ato idiota no ano seguinte, como um círculo vicioso e interminável”.
    "a.d."
    Agradeço pelo carinho
    Belos dias
    Abraços

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  9. Olá Jacques, muito legal este dialogo... Deu até peninha do Alfred aturar as artimanhas do Batman, mas como todo serviçal é melhor não omitir opinião para alguém se se acha dono da razão.
    Não dá para ser herói e não acabar sendo como o vilão afinal a violência existe nos dois lados.
    Obrigada pelo carinho da visita mesmo ausente, valeu mesmo.
    Um grande abraço e até mais.

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  10. Olá Jacques,

    Fico impressionada com a criatividade de seus diálogos.
    Se fosse viável "erradicar as injustiças a socos e pontapés" seria bem mais fácil, mas violência somente atrai revolta e mais violência. A violência só faz alimentar sentimentos de ódio e revolta. É mesmo um ciclo vicioso.
    Interessante que estou percebendo que crianças e jovens não mais se dedicam à leitura de hqs como outrora, o que é uma pena. Bem lembrado.

    É um prazer revê-lo, Jacques.
    Belos dias para você.

    Abraço.

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  11. Olá, Jacques,
    Boa noite!
    Estive em off durante alguns meses... Desculpa por minha ausência aqui.
    Bacana e criativo esse dialogo.
    Coitado do Alfred, não conseguiu nem expor sua opinião. Muitas vezes é melhor ficar quieto mesmo.
    Beijos e ótima semana!

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  12. Passando para desejar um lindo fim de semana e agradecer o carinho. Beijos.

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  13. Jacques, você sempre com textos criativos.
    Estarei mais presente agora.
    Beijos!!

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  14. A criatividade dos textos e a combinação
    ficaram perfeitas, muito bom mesmo esse diálogo
    como sempre te elogio pelo bom post

    Bjusss


    . (.") .
    . /█\..└──●► *Rita!!

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  15. Sensacional um dos melhores diálogos que já li arrasou nesta parte:

    Somos... Duas faces da mesma moeda? O ying e o yang? Eu nunca decorei qual é qual. Somos como o dióxido de carbono e o polidor de vidros, em um embate perpétuo pela...

    - Pela sanidade de meus antepassados, patrão, não é nada disso. É que, se matasse seus inimigos, perderia sua principal característica, que é a...

    - Simpatia de um Ursinho Gummy embaixador da ONU?

    - Não, a psicopatia de um filatelista aposentado. Além do mais, se fizesse isso, perderia o emprego.

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  16. Jacques,
    te enviei uma mensagem via facebook meio que urgente, é um favor que preciso até e inclusive dia 20, se tu leres este comentário, me responde por lá, please!
    Abração!

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  17. Olá Jacques, meu amigo.

    Tudo bem?
    Eu disse-te que voltava ;)
    Bom, a história está engraçada e leva-nos a reflectir acerca das nossas acções.
    Toda a acção tem uma reacção. Logo, se fizermos, recebemos o bem. Se fizermos mal, recebemos o mal. Chama-se a isto a Lei do Retorno, o que damos recebemos de volta e em dobro. Portanto, se Batman combater o mal com o mal, irá receber certamente o mal e em dobro, e o mal assim nunca terá um fim.
    Verdade?

    Abraços e obrigada pelo carinho sempre.

    Feliz Natal.

    Beijos,

    Cris Henriques

    O Que O Meu Coração Diz

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